Ele aprendeu que gosto de elogios. Apesar de ser excessivamente crítico, aprendeu a me elogiar, porque eu já disse, inúmeras vezes, o quanto escutar é importante pra mim. Também aprendeu a escrever cartas carinhosas nas datas importantes. Ele não gosta de aniversários, mas aprendeu a celebrar o meu dia, porque eu sou uma das pessoas que mais ama aniversários no mundo.
Eu sou prática e amo uma mensagem direta e rápida pra resolver as coisas do dia a dia. Ele gosta de telefonema. Aprendi a ligar quando algo é importante, a atender a ligação dele sempre que possível, porque contar tudo é algo que ele valoriza.
Existem coisas que não espero que ele mude, existem muitas outra que não tenho a menor vontade de mudar. Mas entre as inegociáveis e as nossas caraterísticas que simplesmente se encaixam, há uma infinidade de ajustes, aprendizados, negociações, encontros e desencontros.
Nesse espaço do que é possível pra nós, há um desejo genuíno de explicar para o outro como o nosso mundo interno funciona.
Ele aprendendo a falar elisamês, eu aprendendo a falar isaquês.
Dia desses uma amiga me perguntou se o elogio que vem depois de um pedido de elogio satisfaz o meu desejo de ser elogiada. As ilusões românticas nos dizem que o amor de verdade gera entendimento sem a necessidade de palavras, explicações, esforço. Que se as coisas não são naturalmente fluidas, elas não são suficientemente amorosas.
Elogios não são muito presentes na Isaaclândia. Quando eles os faz pra mim, mesmo que após um lembrete meu, sei que é honesto. Então sim, fico feliz.
Paciência é artigo de luxo em Elisamalândia. Cada vez que respiro e respeito o tempo dele, tô entregando um tesouro importante, mesmo que essa paciência só venha depois de um lembrete de “Mô, cê tá desrespeitando meu tempo de novo.”
Ninguém nasce com o nosso mapa. Ninguém sabe, instintivamente, onde ficam os nossos tesouros e as nossas bombas enterradas. Desenhar o mapa, atualizar o que mudou de lugar, o que descobrimos hoje e que até ontem não sabíamos é cuidar da relação. Enxergar a disponibilidade de se aventurar em terras tão complexas é lindo de se ver.
O amor não vem pronto.
O que estamos com disposição pra construir?