A intenção é só uma parte da conversa.

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Há alguns anos vivi uma situação interessante com o meu filho

Meu filho me pediu água de um jeito terrível, absolutamente grosseiro. Calmamente olhei para ele e disse: “Meu bem, não gosto que falem nesse tom comigo. Você acha que, depois de ser tratada assim, eu estou com vontade de te atender? Bora, tenta de novo! Fala de um jeito que eu queira te atender!”. Um outro adulto estava por perto e sorriu ao escutar a nossa conversa: “A gente que é adulto não pensa nisso, ele é quem vai pensar?”

É, normalmente não pensamos na intenção das nossas palavras e na melhor forma de adequar o queremos com o que falamos. Usamos as nossas falas de forma automática, sem refletir se o jeito que estamos pedindo algo a alguém gera conexão, se desperta no outro o desejo de nos atender, ou se apenas cria resistência, irritação e distanciamento. Mesmo que a pessoa em questão tenha a OBRIGAÇÃO de nos atender, há um preço para que o faça quando na realidade tudo que queria é nos mandar à merda.

A INTENCIONALIDADE é poderosa. É um convite a respirarmos e pensarmos um tanto antes de abrimos as nossas belas bocas. “Qual a melhor forma de falar isso, respeitando a mim e ao outro? Como faço com que perceba a importância desse pedido? Como demonstro que sou tão humana/humano quanto ele/ela? O que é importante pra mim nesse pedido? O que é negociável aqui e o que não é?”

Saber a nossa intenção e conectá-la às nossas palavras é um exercício pra todo dia, pra toda hora, pra toda troca.
Você pode repetir a mesma coisa um milhão de vezes e acreditar que o problema está na escuta do outro ou pode repensar a forma que fala. Sim, o outro pode ter dificuldades na escuta, e, ainda assim, você pode tentar mudar a forma que ele/ela escuta ou pode pensar: “Como consigo me comunicar com essa pessoa que considero tão complicada de conversar?”

O que está sob o seu poder é a sua atitude – infelizmente, eu queria sair consertando o que acho falho no outro, mas fazer o que né? Não tenho esse poder. Nem você. Lidemos com essa frustração. E, também, com a frustração de ter de organizar o nosso pensamento de forma coerente e respeitável em nossas conversas. Fácil? Nem um pouco. Necessário? Demais!