Abri o Instagram e percebi que postei pouco na última semana. Sempre que isso acontece, uma voz interna me diz que não estou dando conta do meu trabalho como deveria, afinal, isso aqui também é o meu trabalho. Essa voz, que narra a realidade em nossas mentes, em regra, é injusta e pouco cuidadosa. Ela nos julga violentamente, desconsiderando os nossos esforços, reduzindo as nossas realizações.
Eu cresci ouvindo que tinha que ser a melhor. A nota 10. Eu tive uma crise de choro quando tirei o meu primeiro 6, na época da faculdade. E essa voz, que conhece os meus medos intimamente, me diz que ando tirando 6 em muitos âmbitos da minha vida. O estômago dói, literalmente. A menina que quer receber 10 pra se sentir amada grita!
Mexendo nas fotos do celular, encontrei a foto de um evento. Eu trabalhei bastante essa semana. Encontrei amigas queridas. Chorei, ri, li, me mantive viva e a duas crianças também. E isso é bastante coisa. Bastante mesmo. Se só tivesse dado conta de seguir viva já seria muito. Há quem meu 10 serve? Quanto me custa? E quem disse que preciso dele pra ficar bem?
Segunda-feira, a voz em nossas mentes fica alvoroçada. É atiçada pelos posts, pelas cobranças sociais, pelo “basta querer”. Ela nos faz prometer coisas que não vamos cumprir. Nos faz esquecer os nossos limites, ridicularizar as nossas dificuldades. Ela nos faz acreditar que sofremos porque não somos bons e boas o suficiente, e, por isso, precisamos nos cobrar mais, trabalhar mais, correr mais.
Passo pra te lembrar das pausas.
De respirar.
De chorar.
De rir.
De dizer “preciso de mais alguns dias pra entregar isso!”
De falar não. Não posso, não consigo, não QUERO.
Quando a voz aparecer, cheia de crueldade, respira. Lembra que ela não é a verdade.
São pensamentos.
Só pensamentos.
Você é maior que eles.
Eu também sou.
Somos. Somos. 🤎