Precisamos encarar a frustração e como ela reverbera em nós.

Design sem nome (4)

“Sinto muito, eu fiquei frustrada e não soube lidar com a frustração. Quis impor algo diferente do que a gente combinou, porque eu realmente acredito que é o melhor. Errei. Quer conversar sobre o que aconteceu, filho?”

Relacionamentos frustram. O outro não nasceu pra nos servir, pra atender aos nossos desejos, pra tornar nossos dias mais fáceis. Diante da impossibilidade de ter o mundo do jeitinho que a nossa expectativa criou, a gente precisa encarar a frustração e como ela reverbera em nós.

Quando a relação que me frustra é a amizade, eu me entristeço. Me aquieto, sinto o corpo doer de decepção. Preciso de tempo pra pensar, elaborar o que precisa ser dito, abrir espaço – se assim o desejo – pro que precisa ser escutado. Quando é a parentalidade que me frustra, o caminho é outro. Me enraiveço, quero tudo do meu jeito e quero pra ontem. Talvez seja a ilusão de poder, talvez seja o medo de não dar conta da responsabilidade, talvez seja o desejo puro e genuíno de que tudo fique bem, talvez sejam todas as opções anteriores, juntas e misturadas.

Me conhecer para além dos momentos de calma e lucidez é assustador e incrível. “Ei, Elisama desconhecida que também sou eu, se chegue, bora papear”.

Tenho medo das minhas feiuras, mas me recuso a fugir delas.
Me envergonho com as minhas imaturidades, mas já não finjo que não existem.
Vivemos todas nós nesse condomínio louco que me constitui.

Quando a gente para de ter medo de assumir as próprias incongruências, ganha autonomia. Quanto mais conheço de mim, mais escolho o que faço com a minha bagunça.

Temos pouca liberdade. Somos feitos de tanta histórias e tanta inconsciência que agimos mais no automático que na base da escolha real – por mais que nos iludamos que a verdade seja o oposto. Me agarro a cada oportunidade de sentir o gosto dessa liberdade, mesmo que pra isso precise mergulhar no desconhecido de mim.

Tenho escolhido não fugir de mim.
Ficar dói. Fugir também.
Fugir aprisiona. Ficar liberta.

“Você quer ir embora de você
Como se você não lhe fosse
Todos os destinos possíveis…”
(Plutão já foi planeta)