Não, eu não tenho a intenção de ser calma e tranquila. Já tive, confesso, mas essa expectativa já não me traduz.
A palavra calma tem alma dentro. Minha tatuagem não é um lembrete a seguir os padrões de calma e docilidade que esperam que eu atenda.
Não é um lembrete pra não demonstrar o limite, pra manter a voz inaudível quando tudo que preciso é que a minha dor me lembre o que é e o que não é aceitável.
É um lembrete de colocar a alma no que faço. De alimentar o que nutre a vida.
Às vezes a alma grita.
Chora.
Se descabela.
Às vezes ela diz chega, e não dá margem pra negociação.
Às vezes a alma tem pressa.
Não se enganem, por vezes a passividade associada à calma é o mais violento que podemos ser conosco e com as nossas relações.
Não, eu não estou aqui te falando pra sair por aí, distribuindo grosseria. Entre o 8 e o 80 há mais de 70 possibilidades.
Antes de querer simplesmente calar as suas emoções, controlar o que precisa ser acolhido e compreendido, se pergunte onde está a sua alma.
Quanto tem te custado a voz branda, o sorriso doce e o “tá tudo bem?”
Quantas dores nas costas, dores de cabeça e crises de estômago seriam evitadas se você colocasse pra fora um tanto do que te consome por dentro?
Não violência não é sinônimo de passividade. Se a sua calma te adoece, ela não é a solução, mas parte do problema.
A quem tem servido a tua calma?