Qual foi a última vez em que você respondeu “como você tá?” com sinceridade?
Qual foi a última vez que sentiu segurança pra falar que estava com medo, que sentia insegurança, que achava que a vida estava tomando rumos cada vez mais distantes dos que você esperava que tomasse?
A gente se acostumou a sorrir pra esconder a dor. A fingir que tá tudo bem, porque é errado dizer que não está. Na nossa sociedade, sentir é fraqueza, é falta de fé, é falta de Deus. Então a gente engole. Tudo que menos queremos é que nos julguem incapazes, incompetentes. Ou simplesmente nos esforçamos pra evitar que as pessoas que amamos se sintam culpadas pelas nossas dores, porque vai que o seu marido ou a sua esposa acha que a culpa da sua tristeza está no seu casamento, pra que mais uma crise no que já está tão tão difícil?
Lembro de uma vez, minha filha estava chorando, uma estranha se aproximou e, se esforçando pra ser gentil, disse: “Não chore, uma menina tão bonita chorando. Olha a moça ali olhando você chorar!”
Minha filha estava sendo apresentada a um conceito importante da nossa sociedade: o que as pessoas pensam sobre você é mais importante que o que você sente.
Passamos horas e horas perto de pessoas conhecidas, mas amargamos uma solidão enorme e a sensação de e que ninguém nos entende verdadeiramente, de que ninguém nos vê de verdade. O que farão se perceberem o que sentimos? O que farão se perceberem que somos mais complexos que o que aparentamos ser?
Cultive pelo menos uma relação em que é seguro sentir. Pelo menos uma relação em que pode chorar, dizer que está doendo, pedir ajuda. Um espaço em que seja seguro dividir o peso do corpo e da vida. Se essa relação não existe na sua vida ainda, o problema não está na sua expectativa, não desista.
Viver não é fácil. Algumas fases são tão tão complicadas que é quase impossível atravessa-las sozinha(o).
Ninguém nos conhece 100% , nem nós mesmos. Mas quem você pode afirmar que conhece mais partes de você?
O que te falta para aprofundar as relações?