Quantas vezes você já se pegou formulando sua resposta enquanto a outra pessoa ainda está falando? Ou interpretando as palavras do outro através das lentes das suas próprias experiências, medos e expectativas?

A escuta ativa é talvez a habilidade mais subestimada e menos praticada nas organizações mas com o potencial de ser a mais transformadora.

Passamos anos aprendendo a falar em público, mediar conversas e ensaiamos apresentações importantes. Mas quantos de nós investimos tempo e energia para aprender a escutar?

A habilidade que deveria ocupar metade do nosso tempo numa conversa é justamente aquela para a qual menos nos preparamos e o resultado é visível nas organizações e relações: reuniões improdutivas onde todos falam e ninguém ouve, conflitos que escalam por interpretações equivocadas, decisões tomadas sem considerar perspectivas diversas, e uma sensação generalizada de não ser verdadeiramente compreendido. A forma como escutamos importa tanto quando a nossa capacidade de comunicar algo.

A escuta não é apenas ouvir, mas é um ato intencional que envolve presença, atenção e processamento.

É um compromisso consciente de compreender o outro em seus próprios termos, suspendendo temporariamente nossos filtros, julgamentos e a urgência de responder.

Eu gosto de pensar a escuta em 3 atos que resumidamente, são: Presença – Curiosidade – Confirmação

1-Presença:

Em um mundo de notificações constantes e estímulos diversos, oferecer presença plena é o primeiro desafio. Quando você fecha o notebook durante uma conversa, silencia o celular, e direciona toda sua atenção para o interlocutor, você está enviando uma mensagem poderosa: “Você importa. O que você tem a dizer importa.”

2. Curiosidade

A curiosidade é a chave para uma boa comunicação. Quando mostramos interesse pela perspectiva do outro, principalmente quando ela difere da nossa, abrimos espaço para uma conexão genuína.

Perguntas como “O que te levou a essa conclusão?”, “Pode me contar mais sobre isso?” ou “Como você vê essa situação?” demonstram que estamos realmente interessados em expandir nossa compreensão, não apenas em confirmar nossas próprias crenças.

3. Confirmação:

“Deixa ver se entendi…” Esta simples frase pode prevenir inúmeros mal-entendidos na vida!
Ao repassar o que entendemos com nossas próprias palavras, não apenas verificamos nosso entendimento, mas também demonstramos que estamos genuinamente engajados na conversa.

Os benefícios da escuta ativa vão muito além de “melhorar a comunicação”. Estar atento ao outro, transforma fundamentalmente a qualidade das relações, a eficiência da comunicação e a cultura organizacional:

Os conflitos raramente são sobre o que parecem ser na superfície. Por trás de situações aparentemente irreconciliáveis, existem necessidades, valores e preocupações que, uma vez compreendidos, abrem caminho para soluções criativas.